
Com a morte de Pe. Fortunato Morelli desapareceu o último dos pioneiros Estigmatinos no Brasil. De 1922 a 1980 trabalhou em todas as nossas casas, desenvolvendo todo tipo de atividades. Morreu como um patriarca rodeado por seus "descendentes", a quem transmitiu conhecimento, formação, espírito religioso, vivência sacerdotal. Morreu querido, admirado, rodeado de jovens que o amavam. Nasceu em Scille de Civezano (Trento), aos 29 de maio de 1895. Entrou como aspirante em Verona aos 04 de novembro de 1907. Durante os estudos enfrentou todos os problemas decorrentes da guerra: apreensões, fugas, fome, indecisões sobre o futuro.
Ordenado sacerdote em Roma aos 29 de maio de 1920, permaneceu dois anos na Itália em casas de formação. Chegou ao Brasil aos 12 de maio, disposto a tudo e aberto a qualquer trabalho. Aplicou-se inicialmente a aprender a língua portuguesa. Estabeleceu-se em Tibagi-PR (1922-25), onde empreendeu a cavalo as viagens de Missão, cada uma com a duração aproximada de 30 dias. Exerceu o ministério como vigário. Após o fechamento das casas do sul, transferindo-se para Rio Claro-SP, foi professor, ecônomo e o primeiro Mestre de noviços.
Seguiu-se um o ciclo de atividade paroquial. Foi vigário em: Sales Oliveira-SP (fundador), Ituiutaba-MG, Casa Branca-SP. Construiu e reformou igrejas (Casa Branca e Ituiutaba). Voltou novamente para a Formação como Mestre de noviços, padre espiritual e confessor.
Passou os últimos cinco anos na Chácara do Vovô, na companhia dos seminaristas que muito o apreciaram e amaram. Faleceu serenamente em Campinas-SP, com 85 anos, nos últimos minutos do dia 17 de junho de 1980.
Foi sempre um religioso de observância rígida na vida pessoal e como formador; exigente no cumprimento dos cânones e das disposições eclesiásticas à frente da paróquia.
Ultimamente seu maior passatempo era a montagem de um grande presépio. Diante de um tabuleiro de xadrez foi sempre adversário temido, mesmo em seus últimos dias.
Pe. Fortunato não era um prodígio de força e robustez, mas a vida metódica e frugal que levava o conservou até uma idade fora do comum.
Na idade avançada a afabilidade tornou-se prenda de sua personalidade. Habitualmente calado, quando tinha oportunidade de palestrar com alguém, mantinha uma tonalidade de voz macia e branda. Ria também de forma própria, normalmente sem ressonância como é comum em quem ri com gosto.
Por outro lado, o senso de responsabilidade no desempenho de suas obrigações lhe imprimiu atitudes de severa autoridade na direção de seus subordinados, porém jamais exaltado ou carregado de autoritarismo. Rigoroso e severo consigo, exigia a mesma postura dos educandos, temeroso de faltar com seu compromisso de formador se agisse de outra forma.